domingo, novembro 27, 2005

Obrigado: Aos que compareceram hoje

Exprimo aqui o meu agradecimento – depois de já o ter feito pessoalmente e no local – ao meu irmão Pedro dos Santos, e aos meus amigos Sérgio Sousa Rodrigues, Céu Dias e Emanuel Rosa, por terem comparecido hoje à cerimónia de apresentação da minha obra «Visões», em formato áudio-livro, na loja FNAC do Centro Comercial Colombo, em Lisboa.

quarta-feira, novembro 09, 2005

Oráculo: «Visões» é relançado em Lisboa e no Porto

A minha obra «Visões», agora em formato de áudio-livro (disco) editado pela Solutions by Heart, vai ser apresentada: no próximo dia 27 de Novembro, às 12.30 horas, na loja FNAC do Centro Comercial Colombo, em Lisboa; e no próximo dia 4 de Dezembro, às 17 horas, na loja FNAC de Santa Catarina, no Porto.
Tal como anunciei no passado dia 7 de Julho, o trabalho que constituiu, em Novembro de 2003, a minha estreia literária... em papel, veio a tornar-se, posteriormente e devidamente adaptado (este primeiro volume inclui apenas cinco dos 25 contos presentes na edição original – “Mãe”, “Jovem executivo de sucesso”, “Aniversário”, “Caminhos de ferro” e “A fronteira”), num dos primeiros produtos de uma nova empresa – juntamente com «O Islão Segundo um Ocidental», do meu amigo Sérgio Sousa Rodrigues (S. Franclim), e de «Contos» de Hans Christian Andersen (este em dois volumes).
Estas obras vão estar disponíveis, numa primeira fase, e a partir de dia 14: nas lojas FNAC; e nos postos da GALP do Aeroporto de Lisboa, Águas Santas (perto do Porto), Alcácer do Sal, Aveiras e Oeiras.
Para mais informações, aconselho o acesso, em primeiro lugar, ao sítio da SbH. Depois, à página do «Visões» no sítio da SbH. A seguir, à página do «Visões» no sítio da FNAC. E a Simetria faz também referência a este relançamento.

sábado, novembro 05, 2005

Opinião: A fábrica foi um sonho

Ao lado do bairro onde resido existiu, até 2002, uma das mais importantes – porque das mais antigas e das que mais pessoas empregou - empresas do concelho: a Pentealã, ou Empresa Nacional de Penteação de Lãs de Alhandra, ou, como era mais conhecida, a Fábrica da Figueira.
Com o passar do tempo vieram as dificuldades financeiras e a falência. O espaço foi vendido e todos os edifícios derrubados, juntamente com algumas árvores centenárias e uma alta chaminé onde cegonhas faziam ninhos. Objectivo dos novos proprietários: a construção de... armazéns com escritórios.
Porém, nesta vasta área não existem (no momento em que escrevo) armazéns com escritórios mas sim muito entulho e muita vegetação; tanta que receei consequências graves quando detectei, num dia do último Verão, um foco de incêndio do qual logo avisei os bombeiros. É de supor que burocracias e a crise económica – afinal, este é um segmento de mercado onde, também neste concelho, a oferta é elevada - têm atrasado o início das obras.
A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira não deveria ter autorizado a destruição da fábrica. Ela era um património importante que merecia ser preservado e reconvertido. Durante as férias visitei a Fábrica do Inglês, em Silves, lembrei-me da Fábrica da Pólvora, em Oeiras, e imaginei o que a Fábrica da Figueira podia ter sido: um local para a cultura, o trabalho e o lazer; um legado modernizado.
Uma futilidade, claro: nesta terra nem os sonhos feitos de tijolos têm, por isso, mais hipóteses de se tornarem realidade.

Artigo publicado no jornal Notícias de Alverca, Nº 213, 2005/10.

terça-feira, novembro 01, 2005

Object(iv)o: Ópera do Tejo revisitada

Em 2004, e certamente sob a influência da experiência que adquirira enquanto jornalista especializado em factos e figuras ligadas às tecnologias de informação e comunicação, estabeleci os primeiros contactos com vista à constituição de um grupo de trabalho, de uma equipa multidisciplinar, que, utilizando, se possível, os mais avançados sistemas e ferramentas de computação gráfica, procedesse, mais do que à reconstituição virtual (modelação e animação de exteriores e interiores), quase a uma autêntica «ressurreição» de um edifício desaparecido a 1 de Novembro de 1755 e que fora inaugurado... a 2 de Abril desse mesmo ano! Qual? O Teatro Real do Paço da Ribeira... que ficaria conhecido por Ópera do Tejo por, claro, ficar situado junto ao rio, no espaço entre os actuais Praça do Comércio e Cais do Sodré, mais ou menos onde está hoje o Arsenal da Marinha.
A que então era considerada a maior e a melhor «casa da música» da Europa foi erigida por iniciativa do Rei D. José. O monarca continuava assim a tradição, iniciada pelo seu pai e antecessor, D. João V, e prosseguida pela sua filha e sucessora, D. Maria I, de alto patrocínio, por parte da Casa Real portuguesa, à arte da música. Em consequência dessa autêntica política de «mecenato cultural», muitos músicos estrangeiros, em especial italianos, foram convidados a vir e mesmo a residir no nosso país, para tocarem, ensinarem e comporem. Como seria de prever, depressa se sentiu a necessidade de construir um edifício que não só corporizasse, desse forma concreta, a esta atitude, a esta estratégia para com a arte em geral e para com a música em particular, mas que também simbolizasse a benevolência, o bom gosto e a magnificência dos soberanos. Curiosamente, foi também a um italiano que se encomendou, em 1752, o projecto do teatro: Giovanni Carlo Bibiena, filho de outro famoso arquitecto, Francisco Bibiena. A construção terá sido dirigida por João Frederico Ludovice, que já trabalhara no Convento de Mafra. Todos os documentos existentes sobre o edifício – textos descritivos, testemunhos de nacionais e de estrangeiros, plantas (projectos) e desenhos tanto de antes como de depois (do terramoto) – coincidem no salientar da sua imponência e sumptuosidade, no realçar da sua superioridade tanto estética como técnica em comparação com tudo o que se havia feito no género até aí. A estreia decorreu ao som da ópera de David Perez «Alessandro nell’Indie», cuja encenação requeria, a dado momento, a presença simultânea de 25 cavalos no palco! Mas não era só este o único sector do teatro com dimensões desmesuradas: a plateia teria seiscentos lugares e haveria três ou quatro ordens de camarotes, cada uma delas com oito; existiria uma extensa área de apoio sob o palco, com camarins, oficinas e escadas para a entrada e saída dos artistas e para o acesso aos outros pisos e zonas. A Ópera do Tejo seguia o modelo de uma edificação dita de «três volumes» - palco, plateia e átrio – e todos os que nela entravam podiam admirar as «esplêndidas decorações» em que sobressaíam as cores branca e dourada. O Teatro de S. Carlos, aberto em 1793, viria a revelar-se, face ao seu ilustre antecessor, um edifício menor... em tamanho e em luxo.
Porquê um projecto como este? O seu interesse e, logo, a sua justificação, podem ser encontrados na própria história deste teatro e no período durante o qual ele, por «poucos instantes», existiu. Trata-se, no fundo, de resgatar ao esquecimento quase geral – quantos de nós sabiam que este edifício tinha existido? – (mais) uma prova irrefutável de que no passado os portugueses também alcançaram elevados patamares de excelência artística (artes como as entendemos hoje e «artes» enquanto ofícios), em que se colocaram ao nível, e mesmo acima, do que se fazia na Europa e no Mundo. Enfim, está em causa (re)colocar a Ópera do Tejo entre o inventário do património arquitectónico histórico português: não devem ser só as construções que permanecem (mais ou menos) inteiras e aquelas das quais subsistem apenas vestígios arqueológicos, físicos, «palpáveis», que merecem um lugar na «memória oficial».
A primeira pessoa que contactei, e que convidei, para a tarefa de «reconstruir» a Ópera do Tejo foi Maria Alexandra Gago da Câmara, docente e investigadora com trabalhos publicados sobre os teatros do século XVIII. E da entidade escolhida para «parceira tecnológica», a Associação Recreativa para a Computação e Informática, vieram os restantes elementos da equipa: Silvana Moreira e Luís Sequeira. A ARCI desenvolve a sua actividade com base – preferencial – na plataforma Second Life, mais uma iniciativa de vanguarda tecnológica - e filosófica? - de origem norte-americana.

Hoje, 1 de Novembro de 2005, passam 250 anos sobre a destruição, pelo Terramoto de Lisboa, do Teatro Real do Paço da Ribeira, ou Ópera do Tejo.

Obras: "Enterrar os mortos, cuidar dos vivos"

Quando a guerra destruiu tudo o que temos,
quando a fome e a doença começam a nos enfraquecer,
quando a paz está longe de ser conquistada...
Que fazer? Que fazer?

Enterrar os mortos, cuidar dos vivos,
fechar os portos, abrir a esperança.
Estar pronto para aceitar a mudança,
lembrar que podemos sempre escolher.

Quando perdemos as pessoas que amávamos,
quando já não há mais ninguém a quem recorrer,
quando a solidão é a nossa única companhia...
Que fazer? Que fazer?

Enterrar os mortos, cuidar dos vivos,
fechar os portos, abrir a esperança.
Estar pronto para aceitar a mudança,
lembrar que podemos sempre escolher.

Quando não temos vontade nem coragem,
quando o amor é impossível de obter,
quando a felicidade parece perdida para sempre...
Que fazer? Que fazer?

Enterrar os mortos, cuidar dos vivos,
fechar os portos, abrir a esperança.
Estar pronto para aceitar a mudança,
lembrar que podemos sempre escolher.

Quando a existência é monótona e cinzenta,
quando o último sonho acabou de se desvanecer,
quando não resta outra saída senão o suicídio...
Que fazer? Que fazer?

Enterrar os mortos, cuidar dos vivos,
fechar os portos, abrir a esperança.
Estar pronto para aceitar a mudança,
lembrar que podemos sempre escolher.


Hoje, 1 de Novembro de 2005, passam 250 anos sobre o Terramoto de Lisboa... que, é preciso nunca esquecê-lo, também se fez sentir em outros pontos de Portugal.

Poema (Nº 162) escrito em 1987 e incluído no meu livro «Alma Portuguesa».