domingo, abril 30, 2006

Olhos e Orelhas: Primeiro quadrimestre de 2006

«Olhos e Orelhas» é um novo espaço - uma nova «rubrica» - de «Octanas» em que, de quatro em quatro meses, darei a conhecer (quase todos) os produtos culturais e de entretenimento que «consumi», em «estreia», durante o período precedente. A literatura, a música (em CD), o cinema (nas salas, na televisão, em DVD)... e não só.

A literatura: «Páginas Despidas», Ozias Filho; «Contos Místicos», Maria de Menezes; «O Alquimista» e «Maktub», Paulo Coelho; «Sou Português... E Agora?», Luís Filipe Borges; «Bons Augúrios», Neil Gaiman e Terry Pratchett.
A música: «Confessions On A Dance Floor», Madonna; «Bitches Brew», Miles Davis; «The Slider», Marc Bolan & T-Rex; «Burn», Deep Purple; «Resistir É Vencer», José Mário Branco; «3121», Prince; «Te Deum», João de Sousa Carvalho (pelo Coro e Orquestra Gulbenkian de Lisboa dirigidos por Michel Corboz).
O cinema: «Sr. e Sra. Smith», Doug Liman; «A Ilha», Michael Bay; «A Cidade do Pecado», Robert Rodriguez e Frank Miller; «O Aviador», Martin Scorsese; «O Grinch», Ron Howard; «Eu, Robot», Alex Proyas; «Gosford Park», Robert Altman; «O Delfim», Fernando Lopes; «O Cabo do Medo», Martin Scorsese; «Inimigo às Portas», Jean Jacques Annaud; «28 Dias Depois», Danny Boyle; «Agatha», Michael Apted; «Kilas, o Mau da Fita», José Fonseca e Costa; «EdTV», Ron Howard; «Dia de Treino», Antoine Fuqua; «Hulk», Ang Lee; «A Máquina do Tempo», Simon Wells; «Confissões de uma Mente Perigosa», George Clooney; «Seabiscuit», Gary Ross; «Donnie Darko», Richard Kelly; «A Paixão de Cristo», Mel Gibson; «Capitães de Abril», Maria de Medeiros.

Oráculo: «Os Novos Descobrimentos» é editado em Julho

«Os Novos Descobrimentos - Ensaios sobre História, Política, Economia e Cultura Lusófonas: do Império à CPLP», livro escrito por mim e pelo meu amigo e colega Luís Ferreira Lopes, vai ser publicado no próximo mês de Julho pela editora Almedina. Esta obra, que reúne mais de 20 textos sobre aqueles temas, a maior parte dos já quais publicados em diversos jornais e revistas, e que começámos a escrever, individualmente ou em conjunto, há quase 20 anos, vai assim, tudo o indica, estar disponível aquando da celebração dos dez anos da fundação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Oportunamente darei a conhecer mais pormenores sobre a edição e também de datas e locais de lançamento.

terça-feira, abril 25, 2006

Opinião: Revolução ou reformas?

Apesar de a instituição militar ser merecedora das mais severas críticas, é importante não esquecer que todos os portugueses lhe devem muito: sem os Capitães, o 25 de Abril não teria acontecido.
Mas hoje, passados que são quinze anos sobre o Dia da Liberdade, não falta quem afirme que a época das revoluções já passou, que o «espírito revolucionário» já se perdeu... definitivamente. Actualmente, não é a Revolução que está na moda mas sim o Mercado Único de 1992 – aliás, isto pode ser exemplarmente demonstrado pelos inúmeros casos de «revolucionários» que posteriormente se converteram (reciclaram?) em «europeístas». E também são muitos os que dizem que o 25 de Abril pouco ou nada significa para os jovens. Mas será mesmo assim?
Durante muito tempo se discutiu: revolução ou reformas? Em Portugal parece ter-se optado pelas reformas. Todavia, se analisarmos aquelas que têm sido aplicadas recentemente, não podemos deixar de ficar, no mínimo, surpreendidos com o seu carácter um tanto ou quanto... peculiar: com a «reforma» do ensino, o acesso à Universidade é ainda mais difícil; com a «reforma» fiscal, paga-se ainda mais impostos; com a «reforma» da justiça, o provérbio «o crime não compensa» tornou-se completamente obsoleto. Com «reformas» destas, não será melhor deixar tudo como está?
Não! Há que mudar, há que transformar, para mais e para melhor. No entanto, isso será extremamente difícil, se não impossível, enquanto a imoralidade, sob as formas de corrupção impune, incompetência institucionalizada ou ostentação fútil continuar a prevalecer em Portugal. Neste país os atentados à legalidade e à ética sucedem-se, quantas vezes em nome de um «interesse público» muito duvidoso. Exemplos? Um programa televisivo de grande qualidade é censurado, invocando-se «valores históricos» arcaicos e ridículos; num concurso público para a atribuição de frequências de rádio são contemplados membros do júri; um ministro envolvido em negócios pouco claros anuncia, sorridente, a entrada em vigor de medidas económicas extremamente restritivas, que vão diminuir o poder de compra e o nível de vida, já de si fracos, da maioria dos portugueses. A lista é extensa e não fica por aqui.
Face ao acumular destas situações – que, é certo, não são só de agora – os portugueses acreditam cada vez menos em si próprios e no seu país. Esta descrença exprime-se não só na emigração mas também na reduzida participação na vida colectiva, aos níveis político, social e cultural. Mas é exactamente ficando e participando que os portugueses poderão modificar este estado de coisas.
Os grandes ideais e objectivos com os quais se fez o 25 de Abril encontraram uma excelente tradução na fórmula dos três «D»: Descolonizar, Democratizar e Desenvolver. Porém, é preciso acrescentar hoje outro «D»: Dignificar. Muito há a fazer neste aspecto em Portugal. Por isso, o 25 de Abril não acabou. Pelo contrário: a Revolução ainda está a começar.

Artigo publicado no boletim DivulgACÇÃO, Nº 3, 1989/6.

domingo, abril 16, 2006

Origens: Uma breve biografia («segunda edição»)

Octávio José Pato dos Santos nasceu em Lisboa a 16 de Abril de 1965. Começou a escrever poesia em 1978, e o seu primeiro poema foi publicado na edição de Maio de 1979 da revista O Professor – inserido, com outros, num artigo da Professora Doutora Leonor Arroio Malik, que era então a sua docente de português. O tema desse artigo era uma exposição de textos e de desenhos, feitos por alunos da Escola Secundária Gago Coutinho de Alverca do Ribatejo, sobre o livro «Esteiros», de Soeiro Pereira Gomes.
Após passar pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, segue Sociologia no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, onde foi um dos alunos a concluir o primeiro seminário (especialização) de Sociologia da Comunicação daquela licenciatura; a sua tese foi orientada pelo Professor Doutor José Manuel Paquete de Oliveira. Naquele estabelecimento de ensino foi ainda membro da Direcção e Presidente do Conselho Fiscal da Associação de Estudantes do ISCTE, membro da Assembleia de Escola e da Assembleia Especial para a Aprovação dos Estatutos do ISCTE, membro do Conselho Directivo do ISCTE, e membro da Comissão Executiva do 1º Encontro Nacional de Estudantes de Sociologia, realizado em 1990.
Com excepção de um breve estágio em publicidade na McCann Erickson Portugal em 1991, e de colaborações pontuais e posteriores em outras instituições, praticamente toda a sua carreira tem sido feita no jornalismo. Actividade que iniciou em 1985, enquanto «amador», como redactor e chefe de redacção do jornal regional Notícias de Alverca, e que prosseguiu como coordenador do DivulgACÇÃO, boletim informativo da Associação de Estudantes do ISCTE. Enquanto profissional, começou na (equipa inicial da) revista TV Mais, esteve na revista África Hoje, e desde 1997 que observa de perto a evolução do sector das tecnologias de informação, media e telecomunicações em Portugal. Ao serviço das revistas Cyber.Net, Inter.Face e Comunicações, foi distinguido - com, respectivamente, um primeiro lugar absoluto, uma menção honrosa e um co-primeiro lugar ex-aequo - em três anos consecutivos – 1998, 1999 e 2000 - pelo Prémio de Jornalismo Sociedade da Informação, uma iniciativa do anterior Ministério da Ciência e da Tecnologia. Eis os títulos desses três artigos premiados: «A cartilha virtual», «A vida em sociedade» e «No país dos comerci@ntes» - este escrito com João Paulo Aires.
Colaborou e/ou colabora em outros jornais e revistas, nomeadamente A Capital, Diário de Notícias, Diário Digital, Diário Económico, Finisterra, Fórum Estudante, Jornal de Leiria, Media XXI, Número, Page, Público, Seara Nova, Semanário, Tempo, Vértice e Vida Ribatejana.
Leitor desde criança de livros, clássicos e modernos, de todos os géneros literários, é porém na música e no cinema que tem as suas principais fontes de inspiração e de influência. Contudo, o seu fascínio pela cultura popular anglo-americana é superado pela sua paixão pela lusofonia. Sobre este tema: escreveu vários artigos; mantém, desde 1988, um arquivo de imprensa; e prepara actualmente, enquanto principal projecto profissional, a edição da revista MAR, que tem como lema e objectivo (noticiar os casos de) «sucesso que fala(m) português».
Após 18 anos a tentar editar as suas obras, «Visões» – escrito na sua maior parte em 1997 mas que inclui textos elaborados em 1982 e em 1985/87 – constituiu, em Novembro de 2003, a sua estreia literária. Este livro é o Nº 7 da colecção - dirigida pelo escritor e cineasta António de Macedo - «Bibliotheca Phantastica» da Hugin Editores. Dois dos contos que o integram - «A caixa negra» e «Caminhos de ferro» – já haviam sido seleccionados como «merecedores de publicação» pela associação Simetria FC & F, no âmbito da edição de 2000 do seu Prémio Literário de Ficção Científica. «Visões» foi novamente editado, em Novembro de 2005, pela Solutions by Heart, em formato áudio-livro (disco com leitura/representação de textos).
Entre os seus outros livros já prontos para publicação, e registados na Inspecção Geral das Actividades Culturais, incluem-se: «Alma Portuguesa», «Espelhos» e «Museu da História» (poesia); «Espíritos das Luzes» e «Festas» (prosa); «Códigos», «Estados» (escrito com Rui Almas), «Nautas», «O Novo Portugal» e «Os Novos Descobrimentos» (escrito com Luís Ferreira Lopes) (ensaio).
A sua dedicação à literatura não se traduz apenas nas obras que produz, pelo que participou na segunda campanha «Salve um Livro», promovida em 2004 pela Biblioteca Nacional, financiando o restauro de um exemplar da primeira edição de «O Uruguai» (1769), de José Basílio da Gama.
Entretanto, continuou a sua ligação às novas tecnologias por duas outras formas: em Janeiro de 2004 iniciou um projecto, e respectiva equipa, para a reconstituição virtual, em computação gráfica, do Teatro Real do Paço da Ribeira, ou Ópera do Tejo; em Abril de 2005 iniciou «Octanas», o seu blog na Internet.

Obras: "No dia dos meus ciclos solares"

No dia dos meus ciclos solares
apaguei as velas de um bolo lunar.
As velas eram cometas;
o bolo era feito de massa estelar.

Recebi muitos presentes universais:
uma chuva de meteoros de brincar;
um jogo de planetas;
uma galáxia completa para montar.

A festa durou até à eternidade.
No dia dos meus ciclos solares
esqueço sempre... a minha idade.


Poema (Nº 59) escrito em 1982 e incluído no meu livro «Espelhos».